Autor: Dr. Witer DeSiqueira – Advogado especialista em Imigração

As próximas edições da Copa do Mundo da FIFA de 2026 e dos Jogos Olímpicos de Verão de 2028 em solo americano, eventos que tradicionalmente atrairiam milhões de visitantes e gerariam bilhões de dólares em receita, correm o risco de se tornar um fracasso devido às rígidas políticas de imigração implementadas pelo governo Trump.
Restrições Ameaçam Fluxo de Visitantes e Reputação Americana
Apesar de eventos esportivos globais como a Copa do Mundo de 2022 no Catar (mais de 1 milhão de torcedores) e as Olimpíadas de Paris 2024 (1,7 milhão de visitantes) demonstrarem o enorme potencial de turismo, os EUA estão construindo barreiras. Medidas como a verificação “máxima” de todos os requerentes de visto, a triagem invasiva de redes sociais e a proibição de viagens a vários países estão dificultando a entrada de estrangeiros.
Essas ações já estão impactando o setor de viagens. O Conselho Mundial de Viagens e Turismo projetou uma queda de 22% nos gastos com viagens internacionais nos EUA este ano, representando uma perda de US$ 12,5 bilhões. Os EUA são o único país entre 184 estudados com expectativa de queda nos gastos de visitantes estrangeiros. Além disso, o aumento do custo para estrangeiros visitarem parques nacionais e os longos tempos de espera para vistos (como os 15 meses em Bogotá, Colômbia) reforçam a percepção de que “visitar a América é por sua conta e risco”.
Impacto nas Cidades-Sede e Comunidades Imigrantes
As 11 cidades americanas que sediarão os jogos da Copa do Mundo, muitas delas com grandes comunidades imigrantes, também sentem os efeitos. A intensificação de prisões e deportações em cidades governadas por democratas, como Los Angeles e Nova York (ambas locais-chave para os jogos), tem levado imigrantes a evitarem sair de casa por medo de serem detidos. O governo não esclareceu se haverá salvaguardas para torcedores, trabalhadores ou residentes com status migratório incerto próximos a esses eventos.
Oportunidade Perdida e Dano à Imagem Global
A recusa em flexibilizar as políticas de imigração para acomodar a Copa do Mundo e as Olimpíadas representa uma ferida auto-infligida. Sem uma força de trabalho confiável e um ambiente acolhedor para viajantes, os EUA correm o risco de transformar dois eventos de grande visibilidade em “contos de advertência”.
Sediar eventos globais é mais do que um motivo de orgulho; é um teste de abertura, segurança e competência. Uma Copa do Mundo e uma Olimpíada bem-sucedidas poderiam mostrar ao mundo que os EUA continuam dinâmicos e abertos. No entanto, se a experiência do visitante for definida pelo medo e pela burocracia, a mensagem transmitida será de que “os Estados Unidos não valem a pena”, resultando em um erro econômico e diplomático significativo.