Autor: Dr. Mário Aires – Advogado especialista em Imigração

O visto EB2-NIW tem despertado cada vez mais interesse entre profissionais qualificados que
desejam viver e trabalhar nos Estados Unidos, mas a pergunta que muitos fazem é: ainda vale
a pena investir nesse processo? A resposta é sim. Apesar da complexidade e do rigor na sua
elaboração, o EB2-NIW continua sendo muito procurado e é uma das melhores opções dentro
do sistema imigratório americano. Ele permite que o candidato seja protagonista, apresentando
sua proposta de valor diretamente ao governo, sem depender de ofertas de emprego, sorteios
ou vínculos familiares.
Ele é considerado um dos caminhos mais estratégicos para a imigração, pois dispensa tanto a
oferta de emprego quanto a certificação trabalhista, requisitos que em outros processos
costumam ser barreiras quase intransponíveis. Contudo, há um detalhe essencial que muitos
candidatos ignoram: não basta apresentar diplomas, qualificações e experiência. Sem um
proposed endeavor de impacto nacional, a aplicação dificilmente terá sucesso.
Mas afinal, o que é o proposed endeavor? Em termos simples, trata-se da proposta profissional
que o candidato pretende desenvolver nos Estados Unidos. É mais do que uma descrição da
sua área de atuação; é a apresentação de um plano claro, específico e estratégico, capaz
de demonstrar relevância econômica, científica, tecnológica, social ou cultural que
influencie ou gere impacto nacional. O governo americano não quer apenas saber o que você
já fez, mas o que você pretende fazer e de que forma isso se conecta com os interesses nacionais
do país.
É justamente por isso que se costuma dizer que o proposed endeavor é o coração do EB2-NIW.
As qualificações do candidato são, sim, fundamentais elas provam capacidade técnica e
credibilidade dentro de uma parte do processo chamada “Second Prong”, ou seja, o bom
posicionamento do candidato para executar sua proposta. Mas, em termos de imigração, elas
funcionam como combustível. O destino da viagem, o propósito que dá sentido ao processo, se
encontra na primeira parte do processo chamada “first prong”, denominada “proposed
endeavor”. É ele que responde à pergunta central do USCIS: “Por que devemos dispensar a
exigência de uma oferta de trabalho para este profissional?”
E aqui vale destacar a diferença entre um proposed endeavor genérico e um específico. Um
proposed endeavor fraco e genérico diria algo como: “Pretendo trabalhar como engenheiro nos
Estados Unidos, aproveitando minha experiência.” Embora verdadeiro, esse tipo de afirmação
não esclarece o impacto nacional da atuação proposta, nem se diferencia de outros milhares de
profissionais que já atuam no mesmo mercado. Já um proposed endeavor forte e específico
poderia ser: “Pretendo aplicar minha experiência em engenharia ambiental para desenvolver
projetos de sustentabilidade hídrica em comunidades vulneráveis, alinhados a prioridades
federais de preservação e combate à escassez de água.” Perceba a diferença: enquanto o
primeiro é vago e sem direção, o segundo é concreto, estratégico e conectado a necessidades
reais dos Estados Unidos.
Contudo, não nos enganemos com a simplicidade dos exemplos apresentados, pois cada
profissional possui sua história particular e, nesse sentido, cada estratégia deve ser muito bem
elaborada e adaptada a realidade de cada um. Portanto, quem poderá auxiliar a discernir a
melhor estratégia é o advogado especialista.
No fim das contas, o EB2-NIW não é apenas um visto que reconhece conquistas passadas. Ele
é, sobretudo, um visto que investe em potenciais futuros, ou seja, na clareza e a força da
proposta. O governo americano quer entender não apenas quem é o candidato, mas
principalmente qual é a sua proposta de contribuição para o país. Por isso, a chave do processo
não está somente nas qualificações, mas em como elas são aplicadas em um proposed endeavor
convincente e de interesse nacional.