Autor: Dr. Witer DeSiqueira – Advogado especialista em Imigração
Essa é uma excelente e muito relevante pergunta, considerando o cenário político atual nos EUA. A resposta, no entanto, é mais matizada do que um simples “sim” ou “não”. De modo geral, o visto EB-2 NIW (National Interest Waiver) continua sendo uma excelente opção, mas o foco e a forma de apresentar a candidatura precisam ser estrategicamente alinhados com as prioridades do governo.
Vamos analisar alguns pontos-chave para entender melhor a situação.
O Foco do Governo e a Priorização de Profissionais Qualificados
Embora a política de imigração do governo atual seja frequentemente vista como mais restritiva, a ênfase principal tem sido em priorizar a imigração legal e baseada em mérito, ao mesmo tempo em que se busca aumentar a fiscalização e reduzir a imigração irregular. Isso significa que, para vistos como o EB-2 NIW, que se baseiam nas qualificações e no potencial de um indivíduo para beneficiar os EUA, as portas não foram fechadas. Pelo contrário, em alguns casos, elas se tornaram mais claras para certos perfis.
O que mudou, e que é crucial entender, é a definição de “interesse nacional”. O USCIS (Serviços de Cidadania e Imigração dos EUA) tem focado em propostas que:
- Reforçam a segurança nacional: Profissionais com experiência em defesa, segurança, ameaças cibernéticas e tecnologia militar têm um caminho mais claro.
- Aumentam a competitividade econômica: Profissionais em áreas como manufatura, tecnologia, infraestrutura, agricultura e energia tradicional são vistos com mais interesse, especialmente se a proposta de trabalho ajudar a reduzir a dependência de produtos e serviços estrangeiros.
- Promovem a liderança em tecnologia e inovação: As áreas de STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) continuam sendo de grande importância, especialmente se o trabalho se alinha com a criação de empregos e o desenvolvimento de novas tecnologias que beneficiam a economia americana.
O Que Fica Mais Rigoroso?
Com a mudança na política, a análise das petições se tornou ainda mais técnica e objetiva. Isso significa que não basta apenas ter um bom currículo; é necessário construir um caso extremamente sólido que comprove, com evidências claras, que seu trabalho atende a esses novos critérios de interesse nacional.
- Evidência robusta: A petição precisa ir além das cartas de recomendação. É fundamental apresentar evidências concretas, como publicações, patentes, contratos, provas do impacto de trabalhos anteriores e um plano de negócios detalhado que demonstre a viabilidade e a importância do seu projeto para os EUA.
- O “Endeavor” (empreendimento): A sua proposta de trabalho deve ser articulada de forma clara, mostrando exatamente como ela beneficiará o país, em vez de se basear em generalizações.
- Fiscalização aumentada: Há uma maior colaboração entre agências, o que pode levar a um aumento no número de solicitações de evidências (RFEs) e um escrutínio mais detalhado de cada caso.
Conclusão: Ainda é um Bom Negócio, mas Exige Estratégia
Em resumo, sim, ainda é um bom negócio aplicar para um visto EB-2 NIW. No entanto, a abordagem deve ser mais estratégica e cuidadosa do que antes.
A chave para o sucesso é posicionar sua petição de forma alinhada com as prioridades atuais do governo. Se seu trabalho se encaixa em áreas de segurança, tecnologia, manufatura ou competitividade econômica, sua candidatura pode ser vista com ainda mais favor.
Para quem busca esse caminho, a recomendação é buscar assessoria jurídica especializada em imigração. Um advogado experiente pode ajudar a construir um caso forte, destacar os pontos certos do seu currículo e da sua proposta, e navegar pelas exigências mais rigorosas do USCIS.
Witer, Pessoni & Moore an International Law Corporation
