
De acordo com a PF, grupo utilizava agências de viagens e de uma rede de intermediários (coiotes) para promover a emigração ilegal. Uma pessoa foi presa em Barra de São Francisco, e mandados de busca e apreensão foram cumpridos na Bahia, São Paulo, Paraíba e Minas Gerais.
Um homem foi preso em Barra de São Francisco, no Noroeste do Espírito Santo, durante uma operação da Polícia Federal para desarticular uma associação criminosa dedicada ao contrabando de migrantes para os Estados Unidos, além de lavagem de dinheiro. A polícia disse que o esquema ilícito ajudou 406 pessoas a entrarem no EUA de forma ilegal e movimentou mais de R$ 12 milhões.
A PF informou que o preso é um coiote que estava foragido e teve a prisão foi decretada com base em evidências que indicam sua conduta violenta na cobrança de dívidas relacionadas ao processo de migração ilegal.
A Operação Héstia cumpriu 14 mandados de busca e apreensão na Bahia, São Paulo, Minas Gerais e Paraíba.
Ainda de acordo com a PF, os envolvidos utilizavam de empresas de fachada no setor de viagens e turismo e de uma rede de intermediários para promover a emigração ilegal.
A ação mobilizou cerca de 44 policiais federais. O nome do preso e das empresas de turismo envolvidas não foram divulgados pela PF.
A investigação apontou que as pessoas eram aliciadas, com a promessa de um esquema eficaz para entrada ilícita nos EUA.
De acordo com o delegado da Polícia Federal em São Mateus, Leonardo Guimaraes, para entrar no país os grupos seguiam por diversas rotas até o México, onde faziam a travessia da fronteira.
Mas muitas vezes, as vítimas eram expostas a riscos extremos e violência durante o trajeto.
“As vítimas, em sua maioria, pessoas humildes em busca de melhores condições de trabalho e vida, que entregaram valores econômicos desproporcionais para realizar a travessia. Em diversos casos, chegaram a ceder bens como automóveis, motocicletas e imóveis pertencentes à família, com o objetivo de ingressar nos Estados Unidos” informou o delegado.
Três agências faziam parte do esquema, sendo a principal em João Pessoa, na Paraíba, outra em Barra de São Francisco, e uma terceira em Central de Minas, Minas Gerais.
Das 406 pessoas identificadas, a maior parte é do Norte do Espírito Santo e Nordeste de Minas Gerais, mas o delegado afirmou que vítimas de vários outros estados também aparecem na lista.
Após a chegada em solo americano, as vítimas permaneciam obrigadas a arcar com parcelas elevadas, geralmente custeadas por meio de trabalho precário no exterior ou com o auxílio de familiares.
“Aquelas que não conseguem concluir a travessia ou que são deportadas passam a ser alvo de violência e ameaças, como forma de pressão para o pagamento das dívidas contraídas junto ao grupo criminoso”, destacou o delegado.
Ao longo do processo investigativo, a PF identificou que o grupo criminoso movimentou um total de R$ 12.763.992,13 por meio de diversas modalidades, incluindo transações diretas com as vítimas, movimentações em espécie ou cheque e operações de câmbio.
Os integrantes da associação criminosa são investigados pelos crimes de contrabando de migrantes (Art. 232-A do Código Penal), associação criminosa (Art. 288 do Código Penal) e lavagem de dinheiro (Lei nº 9.613/98). As penas somadas para esses delitos podem ultrapassar 23 anos de reclusão.
Fonte: www.g1.globo.com PF faz operação contra grupo que promovia migrações ilegais para os EUA