Autor: Dr. Witer DeSiqueira – Advogado

E aí, sabe o que aconteceu na última quinta-feira, 20 de junho, em San Diego? Era o Dia Mundial do Refugiado, e algo bem legal rolou no tribunal federal de imigração. O Bispo-Designado Michael Pham, junto com outros sete líderes religiosos, incluindo um imame local, decidiu que não ia ficar calado sobre o que estava acontecendo com os imigrantes. Eles apareceram em peso, e acredite: não havia nenhum agente mascarado do ICE em nenhuma das audiências naquele dia! O grupo acredita que isso não foi por acaso.
A Simples Presença Fez a Diferença
O objetivo era que esses líderes ficassem ao lado de imigrantes e refugiados que estavam lá para suas audiências de deportação. Eles queriam oferecer apoio espiritual, orar com eles e, basicamente, apenas mostrar que se tratam de pessoas reais com vidas reais. Sarah Jones, do The Daily, até relatou que quando os membros do clero apareceram, a equipe de segurança do ICE “se dispersou”. O Reverendo Scott Reid, do San Diego Organizing Project, chegou a comparar isso a um milagre bíblico, como a abertura do mar!
Uma História Pessoal com uma Mensagem Poderosa
Liderando o grupo estava o Bispo-Designado Michael Pham. Ele acabou de ser nomeado para liderar a Diocese de San Diego, e isso é um grande feito porque ele é o primeiro bispo católico dos EUA em décadas que também foi um refugiado. Então, a presença dele ali significou muito. Ele é um homem que um dia precisou encontrar um lugar seguro, e agora está ao lado de outros que tentam fazer o mesmo.
As palavras de Pham tinham muito peso. Ele não estava falando apenas como líder religioso, mas como alguém que entende perfeitamente o quão difícil as audiências de deportação podem ser emocionalmente. Ele disse: “Queríamos mostrar que isso não é apenas sobre política – é sobre dignidade, fé e o direito de existir sem medo.”
Uma Nova Forma de Advocacia
O que aconteceu em San Diego está sendo visto como uma nova estratégia para a defesa dos imigrantes. Especialistas jurídicos e defensores estão dizendo que quando líderes religiosos, grupos comunitários e assistência jurídica se unem, a pressão moral e social combinada pode realmente impedir o ICE de fazer prisões nessas audiências.
Tudo isso aconteceu em um momento de muita conversa e tensão em todo o país sobre como o ICE realiza seu trabalho. Então, o Dia Mundial do Refugiado, que já é um dia muito simbólico, foi o momento perfeito para esse tipo de protesto pacífico.
O Que Isso Significa Daqui Para Frente?
Embora um dia não mude completamente o sistema de imigração, a demonstração em San Diego definitivamente enviou uma mensagem clara: as comunidades podem, de fato, influenciar os procedimentos judiciais simplesmente comparecendo. Isso também gerou discussões entre especialistas e líderes locais sobre a possibilidade de expandir programas semelhantes de “presença protetora” para outras cidades.
O Bispo-Designado Pham resumiu tudo perfeitamente: “A fé não fica em silêncio diante da injustiça. Ela se une àqueles que sofrem – e às vezes, só isso já abre caminho para a misericórdia.”
O Reverendo Scott Reid acrescentou: “Quando aparecemos em número, enraizados na fé, o medo se dissipa. Não estamos aqui para protestar, mas para proteger.”
E o Bispo-Designado Pham também disse algo que realmente toca fundo: “Como alguém que uma vez fugiu da guerra e encontrou refúgio, não posso ficar calado enquanto outros buscam o mesmo.”
O que realmente aperta o meu coração nessa história é a minha própria fé. Como adventista do sétimo dia, eu vejo esta igreja tão firmada nos princípios do Antigo Testamento e na ética judaica – valores de acolhimento e justiça. No entanto, em um momento em que cada imigrante está clamando por ajuda, percebo uma ausência dolorosa de ação concreta por parte dos nossos pastores. Pastores brasileiros, pastores de conferência, todos parecem sintonizados em manter suas rotinas, focados em dízimos e batismos, como se o sofrimento de tantos não chegasse aos nossos portões.
E é por isso que, com um nó na garganta, vejo a Igreja Adventista do Sétimo Dia diminuindo dia após dia. Ao mesmo tempo, meu coração se enche de profunda admiração e gratidão pela Igreja Católica e pela Igreja Presbiteriana. Elas estendem a mão aos seus membros, sem questionar origens ou status. Isso me lembra que, no fim das contas, o céu é uma porta aberta para todos os cristãos, um refúgio para quem busca a compaixão que, às vezes, parece tão distante aqui na Terra.
Witer, Pessoni & Moore an International Law Corporation